28 de agosto de 2011

Por que não vejo mais malhação?


Estranho pensar que somos uma geração que enjoa muito rápido. Pode ser que você já tenha ouvido alguma história assim: atores fazem sucesso em Malhação; meninas juram amores por esses atores; eles caem na geladeira da Globo e depois acabam fazendo “A Fazenda” na Record. Homens também fazem isso: querem conquistar a menina mais linda do baile, aquela com cara de anjo! No dia seguinte, não respondem a mensagem dela no Facebook, pois estão sendo “pressionando de mais”. Isso não tem lógica.

Vivemos em uma civilização do descartável. Nada é feito para durar muito: de entretenimento à relacionamentos (quiçá até casamentos!). Mas por quê?

Não quero dizer que é uma coisa nova. Nem que é uma coisa apolítica. De fato, uma jovem um dia me ensinou que o capitalismo é a grande explicação para isso. Todavia, gosto de outra tese.

O ser humano vem sendo desvalorizado, bem como o próprio mundo. Tudo e todos são meros objetos para nossa satisfação. E investimos muito nisso! Colocamos nossa felicidade em dadas coisas (como figurinhas do Pokemon ou no bonitinho do fundo da sala) que não são capazes de nos satisfazer. De fato, colocamos nossas confianças em verdadeiros ídolos, nos deuses falsos, que trariam a felicidade. Todavia, se uma coisa aprendemos com a Britney Spears, é que os ídolos são feitos para cair... e, depois disso, são descartados.

As coisas têm perdido a capacidade de nos surpreender. Estamos cada vez mais entediados com o mundo a nossa volta. Parece que falta um real sentido à vida, como se um vazio nos tocasse. Devemos então escolher: ou procuramos outros ídolos, até que percebamos que aquilo não nos traz a felicidade; ou abrimos mão do sentido da vida (ou da própria vida); ou buscamos sentido em Deus. Eu prefiro em Deus:

“Pois vocês sabem que não foi por meio de coisas perecíveis como prata ou ouro que vocês foram redimidos da sua MANEIRA VAZIA DE VIVER que lhes foi transmitida por seus antepassados, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito.” (1 Pe 1: 18-19)

Quando buscamos a felicidade em alguma coisa, fora de Deus, tendemos ao tédio, ao perceber que ela não nos satisfará da forma que gostaríamos. Quando colocamos Deus em nossa vida, não abrimos mãos dessas coisas. Continuaremos vendo Malhação (se tivermos menos de 16 anos), mas não procuraremos a satisfação nela. Antes, Deus reorienta o que sentimos, reorienta o mundo que vivemos, retorna a capacidade de nos surpreender e nos apaixonar por ele.

De fato, só compreenderemos o real sentido das coisas - e com isso eliminaremos nosso tédio existencial- se percebermos que todas elas foram feitas para honra de Deus... e não para nossa glória ou satisfação.

"Fizeste-nos para Ti e inquieto está o nosso coração enquanto não repousar em Ti."
AGOSTINHO. Confissões

Por Lucas Creido Nunes

26 de agosto de 2011

A Bíblia é cheia de erros!


Se existe um livro lotado de erros, este é a Bíblia! Calma, não estou falando heresia alguma (não que eu não o faça as vezes, rs). Não estou dizendo que a Bíblia tenha erros de escrita, tenha expressado ideais errados e muito menos que se contradiga. Muito pelo contrário! Um dos aspectos mais impressionantes da Bíblia é a sua constância e coerência nas ideias. O que quero apontar são erros contidos nela, mas que não são dela.

Existe um fato que me chama muito a atenção em toda a Bíblia e que, pra mim, é um indício de que ela não foi forjada ou alterada com o tempo. Tanto o Velho Testamento como o Novo Testamento são dotados de erros cometidos por seus personagens principais e secundários também. Muitos deles, patriarcas da nação de Israel. Isso é muito impressionante! Se eu quissesse escrever, por mim mesmo, um livro que se propusesse a ser guia espiritual, não exporia de tal maneira muitas atitudes equivocadas. Na nossa percepção, o que um livro desse precisaria é de pessoas perfeitas que façam tudo na perfeita vontade de Deus; que não tentem fugir da missão que cada um tem. Apenas os "vilões" errariam.

A Bíblia mostrando, mais uma vez, que é um livro acima de qualquer expectativa humana, foge dessa ideia simplista e faz exatamente o oposto, expondo as falhas até de grandes personagens bíblicos, como Jacó, Moisés, Abraão, Davi, Pedro e assim por diante. O homem que foi chamado "segundo o coração de Deus" adulterou; o pai da fé não esperou a benção de Deus e teve filho com a serva; o mesmo que libertou Israel do Egito irou-se e não entrou na terra prometida; um dos líderes da Igreja primitiva negou a Cristo três vezes e por aí vai.

Todas estas histórias nos mostram a total depravação humana, que não isenta nenhum de nós. Entretanto, isso não é um incentivo a que permaneçamos nos erros que cometemos. O impressionante é que surge, se destacando no meio dessa lama toda, a misericórdia e paciência de Deus com cada um deles, refazendo tudo a pesar deles. Vemos a soberania dEle em cada uma dessas histórias. E hoje acontece o mesmo, apesar de nós.

Devemos querer ser como esses pecadores! Pessoas que erram sim, mas que se arrependem e desfrutam do perdão e renovação de vida que só Deus pode proporcionar. Pecadores salvos pela graça!

Por Daniel Seixas

16 de agosto de 2011

Por que ter comunhão?



Será que existe algo mais difícil do que desenvolver os relacionamentos pessoais com a família, colegas, vizinhos e irmãos da igreja? Realmente esta é uma área muito complicada da vida. Entretanto, é essencial. Por sermos seres relacionais, dependemos desta vida em comunidade e, portanto, convém que saibamos melhor o motivo da existência da comunhão. Isto nos dará um fôlego a mais ao tentarmos fazer com que nossos relacionamentos sejam melhores.

     Para conseguirmos entender melhor isso, pontuaremos bases fundamentais e reavaliaremos valores que nos ajudem a viver em comunhão. A Bíblia diz que é bom que os irmãos vivam em união (Salmos 133:1), porém sabemos que esse é apenas um aspecto da comunhão. Pessoas podem viver juntas e não desfrutar de comunhão; esta é algo muito mais profundo e complexo, envolve união e compromisso, criando uma aliança mútua entre pessoas da mesma fé.

     Existem, portanto, objetivos e motivações que nos levam à comunhão. Vejamos alguns:
(1) comprometimento com a família de Deus e com os irmãos (Efésios 2:19); (2) motivação e encorajamento para o crescimento espiritual (Eclesiastes 4:9,10); (3) compromisso para crescer espiritualmente (Gálatas 6:1,2); (4) a presença de Cristo entre nós (Mateus 18:20);(5) confissão de pecados a Deus (1 João 1:8,9) e aos irmãos que podem nos ajudar(Tiago 5:16,17).

     Pela própria natureza relacional humana, esse compromisso pessoal é muito favorável. Quando temos alguém em quem confiamos podemos trocar ideias novas, tirar dúvidas e compartilhar da Palavra, o que nos leva ao amadurecimento espiritual. Quando caímos, temos outros para nos ajudar a levantar. Confessar nossos pecados aos irmãos nos dá uma força extra a prosseguir no caminho de retidão. Ou seja, muitas vantagens!

     Porém, antes que haja esse tipo de comunhão profunda que queremos ter, é necessário que nos asseguremos que ela será saudável. Para que isso aconteça é necessário que cada um de nós mantenha, primeiramente, uma comunhão com a Trindade em uma vida devocional. Precisamos reconhecer a soberania de Deus e que nada foge ao controle dEle. Precisamos reconhecer a Jesus como único Senhor e Salvador. E precisamos ter intimidade com o Espírito Santo, tendo Ele como amigo fiél e orientador das nossas vidas e relações pessoais. Ele sabe todas as coisas e capacita-nos; é Ele que nos consolará e nos usará como ferramenta na vida uns dos outros.
Quando estamos em Cristo teremos boas relações que gerarão bons frutos.

Por Daniel Seixas

6 de agosto de 2011

John Stott (1921-2011)

     Faleceu na última semana, em Londres, um dos maiores teólogos do século XX. O pastor anglicano John Stott, referencial cristão de uma geração, partiu para o encontro com nosso Senhor Jesus Cristo no início da tarde londrina, pouco depois de ouvir, junto a seus amigos, a obra “O Messias”, de Haendel. Com quase um século de serviço cristão, Stott foi agnóstico até seus 19 anos, quando ouviu um sermão do Reverendo Eric Nash e se converteu ao cristianismo. Desde então, seu trabalho foi intenso. O inglês estudou na Universidade de Cambridge, foi sacerdote na Igreja Anglicana, capelão da coroa britânica, fundou o London Institute for Contemporany Christianity, além de contribuir ativamente no Pacto de Lausanne. Stott veio duas vezes ao Brasil, sendo que em uma delas ele participou de um Congresso da IFES, a qual ele tinha grande apreço. 
     Entretanto, para milhares de cristãos, a principal forma pela qual John Stott ganhou respeito e admiração, foi através da literatura. Seus mais de 40 livros foram traduzidos para mais de 70 idiomas. “Cristianismo Básico”, sua obra mais aplaudida, vendeu mais de 2 milhões de cópias. A diversidade da obra de John Stott nos permite recomenda-la para diversos tipos de pessoas, situações e interesses. Para quem quer saber o que fez com que Stott viesse a ser cristão, leia “Por que sou cristão?”. “Cristianismo Básico” é o livro indicado para quem busca entender melhor as bases da fé cristã. “Crer é também pensar” lança luz sobre a suposta batalha entre fé e razão e pode ajudar muitos universitários. Em “Ouça o espírito, ouça o mundo”, Stott talvez faz a melhor explanação sistemática de sua teologia. “A cruz de Cristo” mostra a enorme centralidade que o autor inglês dava à cruz no cristianismo; obra de grande peso teológico e altamente recomendada para quem quer aprofundar seu conhecimento acerca do significado da obra redentora de Cristo na cruz.  Em “Entenda a Bíblia”, ele viaja através das Escrituras e ajuda o leitor na sua contextualização e visão geral da Bíblia. Seu último livro, “O discípulo radical”, foi lançado pela Editora Ultimato neste ano. Toda obra de Stott deve ser apreciada e divulgada. 
     O último sermão pregado por John Stott foi em 2007 na Conferência de Keswick, e foram com estas palavras que ele o encerrou: “O propósito de Deus é nos fazer como Cristo. E a forma como ele faz isso é nos enchendo com o seu Espírito Santo”.
     O legado de John Stott ficará marcado no cristianismo. As palavras de Billy Graham após o anúncio da morte nos emocionam: "O mundo evangélico perdeu um de seus maiores porta-vozes, e eu perdi um de meus amigos pessoais e assessores. Estou ansioso para vê-lo novamente quando eu for para o céu..". Todos nós estamos ansiosos.
     
     "Alguma vez abrimos nossas portas a Cristo? Nós já o convidamos? Esta foi exatamente a questão que eu precisei ter colocado a mim. Pois, intelectualmente falando, eu tinha acreditado em Jesus toda a minha vida, do outro lado da porta. Regularmente tive dificuldades para fazer minhas orações pelo buraco da fechadura. Eu tinha mesmo empurrado tostões por debaixo da porta em uma vã tentativa de acalmá-lo. Eu fui batizado, sim, e confirmado também. Eu fui à igreja, li a Bíblia, tive altos ideais, e tentei ser bom e fazer o bem. Mas o tempo todo, muitas vezes sem perceber, eu estava afastando Cristo no comprimento do braço, e mantendo-o longe. Eu sabia que abrir a porta poderia ter consequências. Estou profundamente grato a ele por permitir-me abrir a porta. Olhando para trás agora por mais de cinqüenta anos, percebi que esse passo simples mudou toda a direção, o rumo e a qualidade da minha vida”. John Stott

     Que a nossa porta também seja aberta! Graças a Deus pelos 90 anos em que fomos abençoados pela presença de John Stott entre nós. 


Pedro Diniz